É uma pergunta que desperta o interesse geral e tem intrigado pesquisadores pelo mundo. Em nossa sociedade, ao completar 60 anos somos considerados velhos. Porém, para os cientistas comportamentais, o vigor físico e cognitivo declina a partir dos 40 anos. Salthouse, um dos maiores especialistas em envelhecimento cognitivo, considera que o declínio da nossa capacidade cognitiva ocorre, em algum momento, entre os 20 e 30 anos.
Um estudo recente de pesquisadores canadenses encontrou evidência de que o envelhecimento cognitivo começa aos 24 anos. Analisando resultados obtidos por meio da telemetria do desempenho de mais de três mil jogadores de videogame, com idade entre 16 e 44 anos, agrupados em graus variados de expertise, os pesquisadores concluíram que o início do declínio da habilidade motora e perceptiva começa a partir dos 24 anos. Este resultado corrobora um conjunto de evidências na literatura científica que sugerem que o processo de envelhecimento cognitivo caracteriza-se pelo declínio das capacidades mentais, em especial da memória, da atenção e das funções executivas.
Alguns modelos teóricos tem sido propostos para explicar este fato. Um destes modelos, considera que o declínio cognitivo no envelhecimento ocorre como consequência do processo de lentificação no processamento da informação. De fato, em todas as tarefas que demandam velocidade para a execução de uma tarefa (por exemplo, o subteste procurar símbolos da bateria WAIS-III), os idosos apresentam um desempenho inferior quando comparado com jovens. Outra modelo teórico é a do declínio do funcionamento do sistema frontal. O córtex frontal é responsável pela organização de comportamentos complexos. Ela coordena a capacidade de planejamento, a definição de estratégias, a tomada de decisão e a execução de ações, com vista a alcançar um determinado objetivo. No envelhecimento, ocorre um declínio inicial no sistema frontal que afeta todas as funções cognitivas. Quando comparamos o desempenho de idosos em relação aos jovens no Wisconsin Card Sort Test (que avalia a capacidade de planejamento e a flexibilidade cognitiva), por exemplo, observamos diferenças significativas entre os grupos a favor dos mais jovens.
Em síntese, independentemente da idade que o processo de envelhecimento cognitivo se inicia, o fato é que ela ocorre e procuramos explica-la recorrente à alguns modelos teóricos. De qualquer modo, o declínio da capacidade cognitiva no envelhecimento não é sinônimo de incapacidade, ao contrário, são enormes as evidências científica que sugerem mecanismos compensatórios empregados pelos idosos nas diversas tarefas cognitivas. É importante relembrar que a capacidade humana de aprender que não se esgota no envelhecimento.
Referências: